quinta-feira, 9 de julho de 2009

A gente nunca esquece ...


Eu não lembro mais do ponto de partida, lembro que foi bom, perfeito, e que cheguei lá com meus méritos, como aprender a andar de bicicleta, devagarzinho eu cheguei lá e dei minhas primeiras pedaladas, quando parecia já ter pegado a prática, caí, e dessa vez não foi ninguém que me empurrou, me joguei no chão, sozinha. E mesmo depois de tanto tempo, não dizem quem a gente nunca desaprender a andar? Então porque eu não lembro mais como começar de novo. Uma preguiça de começar do zero. Lembra-se da insegurança, e que a gente passa um tempo sem nem olhar pra bicicleta com medo de uma queda. Quando se resolve subir, não se entrega subitamente, o medo ainda está lá, e a gente dá duas pedaladas e depois volta os pés no chão, era exatamente assim que fazia, eu podia ate aceitar meio envolvimento com alguém, mas não pedalava por muito tempo, nem muito rápido pra ter a certeza que poderia parar a qualquer instante, sem cair é claro. E nunca pedalava inteiramente, e nunca sentia a sensação do vento no rosto, o prazer dos que se entregam sem medo de cair. Mas uma hora alguém vai te ensinar, não adianta o medo, a insegurança, ou a retranca, quando você menos espera aparece alguém que te leve pra passear e você não tem outra escolha a não ser se entregar. Não há medo que domine um amor. O amor é que atropela sempre o medo. Sim, nos sabemos da possibilidade da queda, pra cair só precisa estar de pé. Mas daí é melhor ficar sempre no chão? Respondo por mim, que não. E aproveito pra responder a todas as perguntas que ainda estão esperando minhas respostas. Sim, eu passei uma vida inteira com medo de me entregar, até que um dia, ele apareceu. E quem me desarmou chegou também pela primeira vez sem armaduras em um relacionamento, tinha tudo pra ser como era antes, você me faria gostar de você, e me trairia um dia pra que você não gostasse, e eu ficar na superficialidade de todos os relacionamentos, três encontros era nosso prazo. Mas um dia algo mágico aconteceu. Nós tiramos os pés do chão juntos, e a sensação foi tão libertadora, que passamos cinco meses seguros de nunca cair. Mas caímos, e o primeiro empurrão foi dado por mim. Um desequilíbrio, uma insegurança, você no chão, e eu tentando cuidar dos machucados, em vão. Você não aceitou minha mão de apoio, e fez questão de me lembrar que você era forte o suficiente pra levantar sozinho e levantou. No chão hoje, só eu, e o peso da responsabilidade da nossa queda. E é claro que um dia eu preciso levantar. Aprender de novo, dizem que quando a gente anda de bicicleta uma vez, nunca se esquece. Então vou conversar com Deus e rezar baixinho pra que ele não deixe você esquecer que eu também fui a primeira a te ensinar a pedalar sem botar o pé no chão, e se você lembrar, quem sabe minha preguiça passe e eu me entusiasme de novo a começar do zero, começar com você. Tudo pra sentir o vento no rosto outra vez.

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