quinta-feira, 28 de maio de 2009

TROCA-SE: dois troféus por um sorriso ...


Quando eu tinha 13 anos comecei a escrever, sempre fui boa ouvinte, observei e aceitei sugestões, mas já com pé atrás, desde aquela época, ouvia. E ao final de cada situação, sempre preferia dar as minhas opiniões, mesmo que elas fossem só pra mim. Escrevia sobre o que se passava aqui dentro, porque achava tão interessante o que eu sentia que merecia ser expresso de outro modo. Em 2004, outras pessoas também começaram a achar interessante os meus sentimentos, ganhei um festival de poesias de alunos do ensino fundamental da minha antiga escola, não lembro dos outros textos serem tão bons, mas o meu também não era. De algum modo venceu pelo diferencial, um prêmio mesmo que pequeno ajuda como forma de incentivo, esse mostrou que o que escrevia, fazia de mim diferente, nunca gostei muito de parecer com alguém, nem do fato de alguém querer parecer comigo (sim! Essa foi pra você querida). Em 2005, me inscrevi de novo no festival, e ganhei. Escrevi outro texto, poesia rimada, nada com muito ritmo que me faça lembrar claramente hoje. Com 15 anos, sofria por um menino, veja bem o que é alguém de 15 anos pronunciar a palavra sofrimento em vão, era drama puro, ele era o motivo da minha inspiração, meus textos saiam meio tristes porque eu não tinha lá um histórico muito feliz com ele. De algum modo, estava dando certo. Com 16 anos entrei em processo de cura e me libertei de um drama de adolescência que eu julgava ser sofrimento, deixei de gostar dele, do mesmo modo que comecei, através das palavras, uma palavra pode fazer você amar alguém por um dia, outras podem fazer você odiar alguém por uma vida toda. No terceiro ano seguido mais confiante de mim, escrevi outro texto, mas dessa vez não me atrevi a falar dos meus dramas, não ganhei e não lembro em que lugar eu fiquei, só o que absorvi daquele dia foi que eu só escrevia bem se eu estivesse sofrendo, cai no erro de generalizar a situação e parei de escrever, não me sentia a vontade e não achava que ficaria bom já que desde o momento tinha aprendido a sorrir e ate hoje não parei mais. Hoje resolvi mudar de foco, logo mudaram minhas conclusões, escrevo e julgo muito melhores meus textos suaves ou críticos do que minhas poesias daquela época ainda meio sem ritmo. Mudaram-se as opiniões e junto as inspirações. Hoje eu escrevo sobre mim e não tem muito sofrimento no que falo, eu não preciso de tristeza pra criar, e não conseguiria, já que me confesso escrava de sorrisos depois que descobrir que é muito melhor que chorar, a única coisa que não mudou daquela época foi o meu diferencial, ainda não gosto de parecer com ninguém e enquanto todo mundo para no final feliz, eu me atrevo a ir um pouco além. Continuo achando interessante o que se passa aqui dentro e não preciso mais de prêmios pra me auto-afirmar e por isso escrever do que foi e do que esta vindo, talvez um dia, eu volte a ler meus textos sem ritmo e ache graça do que foi vivido, sem drama ou uma lágrima sequer, vou ler sorrindo, hoje sempre sorrindo.

CELY PEREIRA tem dois troféus na estante e quando olha pra eles não sente muito orgulho, nem julga tão boa a sua criação, mas nem por um segundo se martiriza, prefere por a culpa na sua antiga inspiração.

Custa dar bom dia?


por Priscilla Mantuano

Esse povo que entrega papel na rua é engraçado. Não desejam bom dia, boa tarde nem boa noite e ainda acha que nós somos obrigados a pegar um papel. Duvido que ele saiba o que está no papel que te obriga a pegar. O negócio está tão feio, que um cara que estava do meu lado direito, fez com que eu pegasse o papel com a mão esquerda, pra você ver como eles te obrigam a pegar. Mais um pouco só vão deixar você caminhar pela rua se pegar o maldito papel. Ou ainda falarão: pega logo esta merda! Conversando com uma amiga minha, ela disse que se fosse um cara dando chocolate, que todo mundo pegaria sem se preocupar com o bom dia. Óbvio! Quem hein sã consciência não pegaria? Mas não é chocolate, é apenas um papel. Quando têm uma menina com um short os homens que passam e dão bom dia, como se elas fossem o chocolate. Saco ter que desviar deles em plena Rio Branco às 14h. E pior que se você passar 523 vezes, 523 vezes eles vão te dar o papel. Será que não percebem que você já passou algumas vezes por ali? Eu só pego o papel da mão de quem me trata com educação. Faz bem desejar um bom dia. Tudo bem que não deve ser nada agradável ficar o dia todo entregando papel, mas custa? Já que está merda mesmo! Uma vez, da Rio Branco até a Pres. Vargas, na correria, peguei uns 653 papéis. Quase que eu fiquei parada entregando papel também, tantos na minha mão. Notei que quem dá bom dia para alguém, esse alguém acaba pegando o papel, deve ser por educação! Têm outros que esperam você pegar o papel para desejar um bom dia, devem pensar: Só vou dar bom dia para quem pegar o papel. Como se fosse uma questão de brinde e não educação. “Quem quer um bom dia? Eu dou um papel hein, última chance.” Enfim... Um dia eles aprendem a dar bom dia ou acho melhor eu começar a desejar bom.




PRISCILLA MANTUANO tem dezenove anos, é uma futura advogada que tem certo atrativo para entregadores de papel e homens complicados, mas sobre eles melhor falar em outra ocasião.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Você admiria tudo que ama? Eu só amor, se eu admirar ...


Tarde da noite, estávamos como eu gosto: colados, nos colamos um no outro desde o primeiro dia, você me esquentou, desde então, não sei mais te explicar como é a sensação do frio. Meio com sono, mas acordada o suficiente pra escutar uma pergunta: “Que horas vamos embora?”. A resposta veio sem grandes intenções, ainda sonolenta, respondi: “não sei, daqui a pouco, quando cansar de olhar pra mim, você avisa e a gente vai!”. Escutei, meio sem acreditar, mas escutei: “Então, vamos morar aqui!”. Saiu tão leve e chegou tão forte em mim feito um soco, confesso: sangraria pra escutar coisas como essa todos os dias. Eu esbocei uma reação de: “ah! Que fofo.” Depois escutei mais uma das suas perversões sexuais, mas é assim que a gente gosta, a gente consegue ser o casal mais fofo do mundo, sem perder uma piada maliciosa. Meu coração explodiu, e eu dei uma gargalhada, era aniversário dele, e eu fui a presenteada, as palavras pra mim sempre significaram mais que qualquer objeto ou roupa cara. Foi a coisa mais bonita que já tinha escutado de um homem, e ainda hoje ninguém chegou por perto. A frase me fez ter a certeza do porque eu estava ali, e porque eu ainda não fui embora. Se todos passam na sua vida com propósito, o dele foi certamente me fazer lembrar que ainda se pode confiar. Se for um erro, não vou lamentar ainda não ter aprendido, em vez de arrastar por ai o peso da desconfiança e do pé atrás, coloco meus pés à frente, caminhando, ao lado de quem esta comigo, levando junto a minha escolha em poder confiar e meu sorriso, bem mais leve, e muito mais fácil de carregar. Todos os meus casos, rolos, pseudo-relacionamentos ou relacionamentos de verdade, um dia, sem notar me falaram algo que me fizeram ter a certeza do porque eu estava ali, ou a certeza do porque eu iria embora.
Amei, e ainda hoje amo tudo aquilo que eu admiro a partir da decepção meus sentimentos, mudam quase involuntariamente. Perguntam-me: “Não é possível! Como você conseguiu esquecer ele tão rápido?”. A resposta é simples, e vem pronta: “como eu vou amar, alguém a quem eu abomino as atitudes, repuguino os sentimentos e não vejo mais um ato de admiração?”. Não quero e não preciso dar meus sentimentos benéficos a quem bem não me faz mais. Me envolvo com as pessoas pelo bem que elas me fazem, logo depois descubro o bem que eu posso as fazer.

CELY PEREIRA tem dezoito anos e alguns meses de vida, namora a quatro deles com um homem digno de sua admiração.

Miss coração de pedra ...


Há 18 anos rindo a toa... Com muito prazer mostrando aos que choram como é bom sorrir. Eles estão certos: eu falo demais, sou exibida demais, indecisa demais. Filha única que a mãe nunca mimou, menina que não gosta de rosa, adolescente que prefere casa sábado a noite, é... Do contra mesmo! Mesmo assim minha mãe lava minhas calcinhas, tenho blusa rosa Pink e até danço funk de vez em quando, como disse... indecisa demais! Já fui dentista, psicóloga, hoje... quase publicitária. Desculpe mas é muita criatividade pra cuidar de dente... mente... gente. Sou ciumenta e orgulhosa na mesma intensidade, por isso morro e você nem sabe o quanto eu quero tudo só pra mim. Já fui chamada de fria, insensível, monstrinho, estrategista (essa é minha preferida), calculista e coração de pedra de gelo. Preciso confessar, tudo mentira! Acredito em amor pra vida toda, e ninguém imagina que filme brega e música mela cueca me fazem chorar. E você sabe... gelo? Uma hora derrete !




CELY PEREIRA acredita em alma gêmea, escuta músicas de dor de cotovelo, e chora que nem bebê quando vê um filme triste, mas isso tudo ela jamais vai admitir, segredo nosso.

Só não muda o que não pode mudar ...


Muita coisa mudou... Hoje minha unha é grande e tem esmalte, tem dois números a menos nos meus jeans, minha responsabilidade começa às 6 da manhã e termina às 6 da noite, e meus sábados não são mais dias nem noites pra se ficar em casa.
Muita coisa mudou... Tem mais livros na minha cabeceira, tem mais escritores na minha coleção, tem mais conhecimento e palavras bonitas na minha memória. Hoje eu tenho salário, cartão de crédito e dívidas. Ando mais falante, mais participativa, de uns tempos pra cá, com mais iniciativa. A doce arrogância da adolescência foi deixada de lado, sai a imatura rebeldia, entra a menina sorridente que até pra quem não conhece consegue, de manhã dar bom dia.
Muita coisa mudou... A inspiração chegou na hora que meu mundo girou e eu precisava conta para alguém os motivos das minhas lágrimas e dos meus sorrisos, uma descoberta: caneta e papel, hoje são quase meus melhores amigos.
Muita coisa mudou... Eu não odeio mais apelidos carinhosos, pedir desculpas, e chorar na frente de alguém, primeiro aprendi a desconfiar, depois... Que não tem jeito! Você vai acabar por confiando em quem te faz bem.
Muita coisa mudou... E ainda tem por ai, muita coisa pra mudar. Mas fique atento, tem coisas que não foram feitas para inovar. Talvez eu mude de conceitos, de cidade ou de religião, talvez eu mude de amigos, de lugares ou de opinião. Mas não importa onde eu esteja, e qual casca esteja vestindo, da essência eu não abro mão, eu nunca, NUNCA, vou mudar meu coração.



CELY PEREIRA não é muito fã de Raul seixas, mas admite que umas as frases mais célebres que já escutou foi criada por ele: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” .

Isso é particular ...


Sou Ana Carolina, Cazuza, Colbie Caillat e Maroon five. Sou Clarice Lispector, Veríssimo, Arnaldo Jabour e Tatiane Bernardi. Sou 10 horas por dia escritório trancado, tédio ligado e mente voando alto. Sou verde, branco, sou lilás. Sou inconstante: hora inferno – hora paz. Sou Janeiro, verão, sábado e sexta-feira. Não sou agosto, não sou inverno, não sou domingo e acho que nunca vou ser segunda-feira. Sou filha do sono, sou amada pela preguiça, tenho amigos pra todas as ocasiões, uns dizem que eu sou estranha, uns dizem que eu tenho um ‘quê’ de artista. Sou largada: shortinho, blusinha, cabelo pro alto. Sou dois lados: às vezes sou brilho e salto alto. A princípio sou silêncio, timidez, um tanto calada, se me der confiança sou de muitas, MUITAS palavras. Sou foco no futuro, sou fotografia, descobri que sou publicidade e ás vezes ainda acho que um dia vou ser psicologia. Sou inglês, literatura, sou gramática e definitivamente nunca, NUNCA vou ser matemática. Sou amigos, sou amores. Sou mania de organização, perfeccionismo, sou blusa separada por cores. Sou de rir por tudo, até a barriga doer. Sou uma fragilidade que ninguém pode saber. Sou filha única: egoísta, mimada, carente, enjoada, ciumenta e em relacionamentos toda, TODA atrapalhada. Não aprendi a dividir, sou orgulhosa, quase sempre na defensiva, mas me quebra quem souber me fazer sorrir. Sou TPM e naqueles dias pelo bem geral da nação eu merecia sumir. Sou amor, sou muito, MUITO amor. Sou 8 qualidades e 80 defeitos, e se quer saber prefiro ser assim. Sou início, sou meio, meio, meio, meio, mas não sou fim...




CELY PEREIRA se sente mais a vontade falando de si mesma, diz que não há assunto que ela conheça melhor.

Jogo aberto ...


Eu tinha escrito aquela carta sem grandes pretensões, a não ser de parabenizar, ele leu na minha frente como eu pedi, pude perceber algumas reações, vi um sorriso, uma atenção comovedora quanto ao que estava lendo, ouvi uma gargalhada de leve na parte em que eu escrevia minha bobeiras, no final tive outra reação, meio sem querer, quase querendo esconder, ele terminou, me abraçou, senti uma gota nas minhas costas durante o ato de agradecimento, não disse nada, nem precisava, ele chorou com o que eu escrevi pra ele. Já havia escritos cartas para outras pessoas antes, e todas agradeceram, mostraram entusiasmo, disseram sobre eu ser boa com palavras, mas nunca, nenhuma, chorou com o que eu tinha escrito. Todas as indecisões e respostas de uma mente mutável de dezoito anos foram respondidas como um sinal: a partir de uma lágrima, eu descobri que eu tinha um dom, todo mundo acha que tem um, eu faço parte da grande maioria. Meu jeito sempre calado, e os pensamentos gritando dentro da minha cabeça já insinuavam alguma coisa, mas eu precisei ver alguém chorando com algo que eu tinha escrito pra absorver uma certeza: eu estou aqui para emocionar as pessoas. Cada um usa as suas armas, as minhas são as palavras, e preciso lhe falar: você não sabe o poder que ela tem. Leio livros, um atrás do outro, conheço novos escritores, sou fã de cronistas, e me apaixono pelo o que eles escrevem, tanto que faço outras pessoas se apaixonarem também. Quando conheci Tatiane Bernardi deu vontade de lhe apresentar ao mundo inteiro e de fato hoje quase todo meu círculo de amizade já leu muito dos textos delas recomendados por mim, porque quem lê o que ela escreve, sabe que é um absurdo, o mundo não lhe conhecer a sinceridade desconsertante de Tati Bernardi . Ela e tantos outros me emocionam, me comovem, e sim, me fazem chorar. Imagina provocar tanto alguém a ponto dela expressar com um dos gestos mais sinceros a emoção em ver alguma coisa criada por você? Essa deve ser a recompensa. Lição aprendida, mas ainda devo agradecer as minhas fontes de inspiração: Tatiane Bernardi, Brena Braz, Luiz F. Veríssimo, Caio F. Abreu, Pedro Bial, Fernanda Young, Martha Madeiros, Oscar Wilde. Meu sincero e dedicado muito obrigada! Para a sorte dos que se emocionam com o que vocês nos passam espero que a inspiração continue. Para minha sorte, chegou a minha vez de criar, e se um dia eu chegar a comover alguém, mais alguma lágrima ou gargalhada com a minha inspiração eu provocar, já vou-me sentir lisonjeada, feliz por finalmente ter aprendido a arte de emocionar.



CELY PEREIRA criou um blog pra gritar pro mundo inteiro o que ninguém nunca iria saber, resolver solar o verbo, se soltar, e esquecer o que os outros julgam errado ou certo, por isso nomeou o mesmo de jogo-aberto.